Um lugar... vago como um pensamento que se perdeu ...

um caminho azul, na minha esfera, guia pensamentos que se julgavam perdidos.



Blue Meggy

terça-feira, janeiro 27, 2009

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Canção do Vento



Voltei aqui e sentei-me, baloiçando os pés para o lado de fora como uma criança, fechei os olhos e vi. Vi os sons que ouvia, tomarem forma na minha mente.
O som que caiu no rio, uma gota, uma só. Sem ver sabia, porque a senti, senti os arcos crescerem do local onde aquela gota caiu, até se desvanecerem por completo. Sendo o seu espaço ocupado por outros que viriam logo a seguir.
Senti o agitar do vento, ouvi os ramos agitarem-se dançando uma música, que só quem sente ouve. Uma pequena folha, irmã de todas as outras que preenchiam aquele ramo, aquela árvore, soltou-se. Frágil e leve, a folha irmã, levemente desceu segurada pela canção do vento, que me embalava e agora já não estava a baloiçar-me. Fiquei quieta à espera de ouvir o som da folha beijar o chão, verde e de certeza coberto pela fria geada branca.
Estava quase a abrir os olhos, mas ouvi o som das ervas rasteiras agitarem-se, segurando a folha irmã, aconchegando-a no seu manto verde e translúcido.
Encostei-me, embalada e protegida por aquela canção que o vento me trazia. Quase a tocar o sono, ouvi o que julguei serem passos pelo caminho que um dia eu também percorri.
Abro os olhos?

"Não. Continua a escutar."

Os passos eram lentos, hesitantes, quem caminhava naquele trilho coberto, hoje pela fria geada, estava certamente perdido.
Parou.
Imagino que se tenha sentado. Será que está à espera de alguém?

"Desculpe está à espera de alguém?"
"Não. Cansei-me de esperar."
"Se não continuar a andar, nunca vai saber se valeria a pena ter continuado a esperar..."
"Não sei se quero continuar. Não sei se quero saber..."

Senti incerteza, medo e estranhamente calma, na sua voz clara e rouca pelo frio.

"Quer conversar?"
"Sim."

E conversamos.
Contou-me a sua história, porque é que estava naquele caminho, porque tinha medo de chegar ao fim e saber o que lá estava. Percebi que eu mesma também tinha medo de saber o que havia depois das árvores. Não que não estivesse disposta a ficar a saber, só não sei quando o farei.

Abri os olhos.
Senti a tua pele e ouvi o teu respirar junto a mim, suavemente virei-me para que te pudesse ver. Continuavas a dormir. Aconcheguei-me entre ti e os lençóis, senti o calor dos teus braços e sabia que a canção do vento que me embalava, me protegia.

sexta-feira, dezembro 26, 2008

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Onde fui... Onde me levaste




Naquele dia quando pensei que tinha os pés assentes no chão, de repente a tua mão levou-me mais longe. Hesitantemente acabei por me deixar levar, como a onda que regressa ao mar, para acabar por voltar à areia.


Sem medos senti-me bem e pensei "Porque não?". Estou a mentir-te. Não pensei. Hesitei sim, porque perdi segundos a pensar, naquilo que logo percebi que não se pensa.



Quando olhei em volta, já não estava onde me havias levado. Recebi a prenda que aquela onda trouxe. Guardei-a para que o mar não a viesse reclamar como sua, levando-a de volta para o horizonte.
P.S. - Obrigada pela foto Voadora ^^

sábado, outubro 04, 2008

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Tela Etérea


No caminho para onde ia, reencontrei o pintor que um dia vi a pintar uma tela singularmente anónima e perguntei-lhe o que tinha feito com a mesma - "Está com alguém que viu para além do anonimato na sua cor", respondeu-me.

Confusa, continuei a olhar atentamente para os seus trabalhos, na esperança de ver algo mais. Nas suas cores e formas figurativamente abstractas, senti pedaços de vida etéreos, meus e de outros. Alegria, dor, solidão, paz, mas havia algo novo naqueles traços singularmente abstractos. Ainda não sabia o que era mas tinha a certeza que seria algo único, que por não ser verbalmente tradutível, estava ali sob a forma etérea de uma cor. Perguntei ao artista que cor seria aquela e porque nos fazia sentir confortavelmente pouco à vontade na sua presença?

Pousando o pincel e a paleta onde jazia um espetro de cores pastel, olhou-me e disse, sorrindo, como se me fosse contar um segredo, algo que ouvi e nunca esqueci.

Nesse mesmo dia, levei comigo uma tela de cores anónimas, para que também a pudesses contemplar com a tua singularidade. E, assim, talvez um dia, ela deixe de ser anónima, para quem a vê e vive.

domingo, julho 27, 2008

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Quando decidi que te deixaria partir, pensei que ia ser capaz... E fui. Só não pensava que ia ser difícil ficar onde estou. Diante da minha janela, pensando que talvez devesse de ter feito alguma coisa. Olhando a rua, observando quem passa, percebo que o Mundo não parou, nem pára.
Nunca julguei que ficasse tão presa a um passado que pensava nunca ter conhecido. Só percebi o que queriam dizer estas marcas, apagadas pelo tempo, conservadas pela memória de um coração frio, quando me cruzei com um sinal de que tudo pode mudar.
Apenas, se eu decidir que não quero mais olhar pela janela, quero sair pela porta (cuja chave julgava perdida) e ir de encontro a uma realidade, que na verdade nunca deixou de existir.

quinta-feira, julho 24, 2008

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Away... Out of the Blue




segunda-feira, maio 19, 2008

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Azul

Sentada, olhava o vazio.
"Estás aqui?"
"Ainda", respodeu alheia à voz recém chegada. Sem deixar de olhar o imenso azul que a rodeava, sentiu a sua presença, fingindo que não a incomodava. Habituada a si mesma, perguntou, "Sabes porquê não sabes?"
"Sei... E tu também sabes..."
"Mas tenho medo... medo que seja mentira, mas sobretudo... medo de que seja verdade."
Aquele imenso azul era calmo, sentia-se como se o tempo tivesse parado só para si e era assim que queria ficar (seria?). Fugia (fugiu) da realidade, numa bola de sabão, tão leve, translúcida e tão inocente, como os seus pensamentos. No fundo, como si mesma.
Não se sabe quanto tempo passou desde que chegara. Nem quanto tempo ali esteve, só.
"Porque não voltas? Aqui não há nada ..."
Pois não, pensava para si mesma. Mas também... não se lembrava de nada que houvesse lá. Lá de onde esta voz vinha.
Lenta e hesitantemente, virou-se. E viu a quem pertencia a voz que preenchia o azul, que julgara só seu. Esforçou-se para sorrir e levantou-se (seria capaz?).

segunda-feira, maio 05, 2008

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Across The Universe

sexta-feira, abril 11, 2008

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Tela Anónima


Enquanto caminhava, notei algo diferente.
Parei e fiquei a observar a tela, que alguém tinha acabado de pintar. Era tristemente colorida, transmitia um medo reconfortante, como se o pintor se quissesse esconder. Interpretei cada traço, construí a minha história a partir daquela tela pintada em tons calorosamente frios.

Para mim fazia todo o sentido procurar a ordem na desordem dos traços daquela tela anónima. Mas não deixou de ser uma ilusão, apesar de por breves instantes ter imaginado que um daqueles traços era meu.

Quando desviei o olhar do calor daquela tela, arrepiei-me ao ver o Pintor, cuja paleta não tinha qualquer réstia de cor, preparando-se para dar vida a um novo cenário.

Sentei-me e fiquei à espera, para ver o que ele ia pintar naquele fundo branco, com aquela cor que nunca tinha antes sido vista.

terça-feira, abril 01, 2008

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A minha nova vidinha

E já vamos no segundo semestre!
O primeiro foi o inicio do periodo de adaptação, a uma nova rotina, porque se dantes a minha escola era a dois passinhos de casa, agora é 11 estações de comboio suburbano, o que implicou esquecer os abençoados almocinhos da vóvó, no unix ou no tostas!
Mas foi o primeiro passo para conhecer gente nova e verdade seja dita para passear (de Sintra á Baixa-Chiado, passando pelo Colombo, ao Oriente, até Santarém, já fomos a todo o lado).
Antes, de me ter habituado á ideia de já estar na faculdade quando dei por mim já tinha a agenda cheia! Textos para ler, avaliações, apresentações, trabalhos de grupo, etc.
"Desgraçadinha de mim" pensava eu, até me ter cruzado com umas alminhas, tão perdidas como eu, numa aula de Modelos da Comunicação (mal eu sonhava na altura que esta cadeira ia ser o meu tormento).
O trabalho que a professora solicitou era numa apresentação sucinta, explicarmos o que era a Comunicação. Claro que naquela aula todas tinhamos coisas mais importantes para falar do que de comunicação, fiquei então a conhecer a Bruna (as minhas viagens de comboio começaram a ser verdadeiramente animadas), a Sandra (mais conhecida pela Patroa) e a Ana (altíssima e muito caladinha, mas só até ao jantar de turma). A estes nomes juntaram-se outros, como a Catarina (a menina de Alfragide, e já digo bem!) ou a Susana (eu prometo nunca mais me esquecer da colher).
Com muito trabalho, suor, lágrimas e algum açúcar (maninha sabes a que me refiro) se não isto era uma tristeza, conseguimos passar este 1º semestre (e sobreviver á nossa profissão de R.P.'s que a Patroa não perdoa!).
Agora há que arrumar os cadernos preparar as esferográficas e mais umas doses de açúcar e daqui a uns meses voltamos a conversar (talvez nessa altura eu já tenha passado a Modelos e a Análise de Dados).




sexta-feira, março 21, 2008

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A Janela


O dia passou.
Vi o Sol lá no alto entre as nuvens, vi-o descer e esconder-se de mim. As nuvens não me deixaram ver a lua, nem sei como ela se parece. Vejo o seu brilho apenas reflectido no espelho.
Da janela vejo o tempo a passar e já não tenho forças para o acompanhar. Tenho medo do que virá... provavelmente do que não virá...

sexta-feira, fevereiro 29, 2008

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Tear Blossom


O vazio cada vez pesa mais.
Se alguma vez te vi, foi porque partiste.
Aqui onde estou, vejo as palavras marcadas no frio que alguém deixou.
Se uma gota cai, é uma lágrima que ecoa no vazio, já que aqui não chove.
Qualquer palavra é capaz de aquecer o ar frio que aqui respiro.
Já não consigo saber o que me distingue... muitos menos o que me torna semelhante.
Ponho numa caixa pedaços de vida que desconheço .
Levanto-me e relutantemente, deixo a caixa no vazio, neste espaço frio.
Fechei a porta, mas trouxe a chave.




quarta-feira, fevereiro 13, 2008

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Music sounds like paper...


Agarrei num pedaço de papel já gasto pelo tempo, mas ainda com forças para segurar o peso da tinta e escrevi, o que podia ser meu... o que podia ser de outro... o que poderia ser de alguém em mim. Escrevi:


Foi e aconteceu... sem medos eu fui... simplesmente eu...

E com coragem abracei as palavras desenhadas no ar...

Verdadeiramente, senti cada letra... cada som...

E no que pensei ser o final, senti, percebi... e envolvi-me no significado de Tudo... que era apenas o início...


Dizem que as palavras não amam, talvez tenham razão e por isso não devesse desperdiça-las assim. Procuro um espaço entre o calor artificial destas palavras, só meu... é onde me sinto segura... onde me sinto eu...

Também têm razão quando dizem que as palavras nos marcam mais, que nos magoam mais... por isso noto o seu amargo reconforto quando as leio.


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